Onipotentes Egípcios


Os egípcios cultuavam inúmeros deuses, com funções e aspectos variados. Existiam deuses cultuados 

em todo o Egito e outros adorados apenas em determinados lugares. Entre os primeiros estavam os deuses ligados à morte e ao enterro, como Osíris. O culto a Ísis e a Osíris era o mais popular no Egito Antigo. Acreditava-se que Osíris e sua irmã-esposa, Ìsis, tinham povoado o Egito e ensinado aos camponeses as técnicas de agricultura. Conta a lenda que o deus Set apaixonou-se por Ísis e por isso assassinou Osíris. Esse ressuscitou e dirigiu-se para o Além, tornando-se o deus dos mortos. Os antigos egípcios acreditavam que as lágrimas de Ísis, que chorava a morte do esposo, eram responsáveis pelas cheias periódicas do Nilo. Também era adorado o deus Hórus, filho de Ísis e Osíris. Estas divindades possuíam algumas características (poderes) acima da capacidade humana. Poderiam, por exemplo, estar presente em vários locais ao mesmo tempo, assumir várias formas, até mesmo de animais e interferir diretamente nos fenômenos da natureza. As cidades do Egito Antigo possuíam um deus protetor, que recebia oferendas e pedidos da população local. Os deuses egípcios têm muito em comum com os homens: podem nascer, envelhecer, morrer: possuem um corpo que deve ser alimentado, um nome, sentimentos. No entanto, estes aspectos muito humanos escondem uma natureza excepcional: seu corpo, composto de matérias preciosas, é dotado de um poder de transformação, suas lágrimas podem dar nascimento a seres ou minerais.

Os poderes dos deuses são sempre comparados a algumas propriedades dos elementos da natureza ou dos animais, o que dá lugar a representações híbridas às vezes espantosas. Para representar os deuses, todas as combinações são possíveis: divindades totalmente humanas, deuses inteiramente animais, com corpo de homem e cabeça de animal, com o animal inteiro no lugar da cabeça (o escaravelho, por exemplo) ou com cabeça humana. A esfinge, imagem do deus-sol e do rei, é um leão com cabeça humana. Há animais comuns a muitas divindades (o falcão, o abutre, a leoa) e outros que são característicos de apenas uma (íbis de Thot, o escaravelho de Khepri). Os egípcios mumificavam e enterravam seus animais domésticos. Sobretudo em uma data relativamente tardia, no decorrer do 1° milênio A.C. os egípcios sacrificavam animais para mumificá-los e amontoá-los aos milhares em cemitérios especiais. São, provavelmente, ex-votos que os devotos compraram dos sacerdotes para oferecer a seu deus seu animal preferido. O culto dos touros sagrados é muito mais antigo: um animal único torna-se uma manifestação terrestre do deus. Ele tem direito a um enterro com grandes pompas. Havia inúmeros Deuses, sendo inevitável às rivalidades e as contradições. Abaixo são apresentados os principais deuses:

AMOM-RÁ - Amom é o senhor dos templos de Luxor e Carnac. Tem por esposa Mut e por filho Khonsu. Sua personalidade formou-se por volta de 2000 a.C. e traz algumas funções de Rá: sob o nome de Amon-Rá, ele é o sol que dá vida ao país. A época de Ramsés III. Amon tornou-se um monárquico, mesmo título que Ptah e Rá.Frequentemente representado como um homem vestido com a túnica real e usando na cabeça duas altas plumas do lado direito, ele se manifesta, igualmente, sob a forma de um carneiro e, mais raramente, de um ganso. O Deus Rá é o responsável pela criação do mundo e representa o Sol. Ele é descrito de diversas formas, desde com a face de uma ave de rapina até́ como um escaravelho. Os egípcios acreditavam que seu rei (o faraó) era a encarnação de Rá. Em Heliópolis ("a cidade do sol" em grego) é ele que, depois de ter decidido existir, cria o mundo e o mantém vivo.Quando desaparece no oeste, à noite, ele é Atum, velho curvado, esperado no além pelos mortos que se aquecem com seus raios. Pela manhã, renasce no leste com a forma de um escaravelho (Khepri). Durante o dia clareia a terra, sempre com a forma de um falcão. Estes três aspectos e 72 outros são invocados sempre na entrada dos túmulos reais. Rá, o Deus Sol, unido ao Deus Amon, forma Amon-Rá, o principal Deus Egípcio.


OSÍRIS - A história de Osíris pode ser interpretada de várias maneiras: primeiramente, nos relatos da

criação do mundo, sua geração é a última a nascer e não representa mais elementos materiais do mundo (espaço, luz, terra, céu...). Osíris é rei, esposo e pai: ele representa a existência das estruturas normais da sociedade humana. Outra versão: Osíris morto, destruído e ressuscitado evoca o retorno da cheia todos os anos, a morte, o renascimento da vegetação e dos seres humanos. Por essa razão, ele é o Deus dos mortos e do renascimento. Descendente direto de Rá (o Deus da criação), Osíris é o filho mais velho do casal Geb e Nut. Ele reinou sobre a Terra como o primeiro faraó do Egito. Isso até ser assassinado por seu irmão Set. Existe um antiga lenda envolvendo Osíris mais conhecida em sua versão grega. Ele sucede seu pai no trono do Egito. Ciumento, seu irmão Seth o mata e espalha por todo país os pedaços de seu cadáver. Suas irmãs, Isis e Neftis, o reencontram e com a ajuda de Anúbis devolveram-lhe a vida para permitir a Isis conceber Hórus. Tendo legado a realeza terrestre a seu filho. Osíris reina no mundo subterrâneo e julga os mortos.
ÍSIS - Isis é a mais popular de todas as Deusas egípcias, o modelo das esposas e mães, a protetora da magia invencível. Após a morte de Osíris, ela reúne os pedaços de seus despojos, se transforma numa ave para chorá-lo, se empenha em reanimá-lo e dele concebe um filho, Hórus. Usa na cabeça um assento com espaldar que é o hieróglifo de seu nome. Dona de poderes mágicos, protetora e piedosa, a irmã-esposa de Osíris foi a última divindade egípcia a ser adorada na Europa antes da chegada do cristianismo. O rio Nilo nasceu das lágrimas que ela derramou quando Osíris morreu.


SET - O deus do caos é o responsável pelas guerras e pela escuridão. Matou o irmão, Osíris, mas perdeu a supremacia do Egito para o sobrinho Hórus. Tem a forma do porco-formigueiro, animal raro da África. Seth é o Senhor do Alto Egito. Tem aparência de um estranho animal parecido com um cachorro com longas orelhas cortadas, focinho recurvado e longa cauda fendida. Filho de Geb e de Nut, Seth é um Deus complexo e ambíguo. Da proa da barca de Rá, ele trespassa com sua lança os inimigos do Sol; ele serve ao faraó combatendo com a força de seu braço. Mas é perigoso, violento, imprevisível. A lenda de Osíris mostra-o em um mau dia: assassino de seu próprio irmão, ele persegue Hórus com seu ódio, jamais Seth renuncia luta, pois ele é o necessário fomentador de problemas no mundo regido por Maát.

NEPHTHYS - Na mitologia egípcia, foi irmã-esposa de Set e de Osíris. Após a morte deste, separou-se de Set e se juntou a sua irmã Ísis em luto. É associada ao culto dos mortos e mostrada às vezes como uma mulher ao lado de sarcófagos. Nephthys é uma das filhas de Geb e de Nut, a irmã de Isis, Osíris e Seth. Seu nome significa "Senhora do Castelo". É esposa deste último, mas quando ele trai e assassina Osíris ela permanece solidária à Isis, ajudando-a a reunir os membros espalhados do morto e também tomando a forma de uma ave para velá-lo e chorá-lo. Como Isis, ela protege os sarcófagos e um dos vasos canopos e usa seu nome na cabeça em um cesto colocado num edifício. É ainda na campanha de Isis que ela acolhe o sol nascente e o defende contra a terrível serpente Apófis.

HÓRUS - Filho de Osíris e Ísis, tem cabeça de falcão e é o protetor dos faraós e das famílias. Quando perdeu o pai, lutou contra Set pelo trono de principal Deus do Egito. Após intervenção de Osíris, direto do "Além", os demais deuses aclamaram Hórus como líder supremo.Hórustem uma infância difícil e sua mãe teve de escondê-lo de Seth que cobiçava o trono de seu pai. Após ter triunfado sobre Seth e as forças da desordem, ele toma posse do trono dos vivos; o faraó é sua manifestação na terra.Ele é representado como um homem com cabeça de falcão ou como um falcão sempre usando as duas coroas de rei do Alto e Baixo Egito, segura na mão direita o ankh, símbolo da vida. Na qualidade de Deus do céu, Hórus é o falcão cujos olhos são o sol e a lua.Com o nome de "Hórus do horizonte", assume uma das formas do sol, a que clareia a terra durante o dia.

HATHOR - A esposa de Hórus é a deusa guardiã das mulheres (especialmente as grávidas) e protetora dos amantes. Hathor é, junto a Isis, a mais venerada das deusas. Distribuidora de alegria é a deusa do amor, da felicidade, da dança e da música. Também é a protetora da necrópole de Tebas que sai da falésia para acolher os mortos e velar os túmulos. No Egito antigo, a vaca era considerada um animal gentil, por isso Hathor é representada e adorada na forma de uma mulher com chifres de vaca e disco solar na cabeça, de apenas uma mulher com cabeça de vaca ou simplesmente uma vaca.

ANÚBIS - O Deus com cabeça de chacal nasceu da união de Osíris e Nephthys. Tem papel

importante na passagem para o mundo dos mortos. Anúbis é o mestre dos cemitérios e o patrono dos embalsamares. A ele se deve o protótipo das múmias, pois foi ele quem criou a primeira múmia, ao preparar o corpo do seu pai (Osíris) assassinado. Todo egípcio espera beneficiar-se em sua morte do mesmo tratamento e do mesmo renascimento desta primeira múmia.Anúbis também introduz os mortos no além e protege seus túmulos com a forma de um cachorro deitado em uma capela ou caixão. É representado como homem com cabeça de cachorro ou forma de um cachorro ou na forma de um cachorro selvagem. Este animal que frequenta as necrópoles lhe é associado.
THOTH - Sua origem é polêmica, alguns textos o apresentam como filho de Rá, outros, como de Set. Com cabeça de uma ave (a íbis) é o deus da Lua, da sabedoria e da cura. Thothe um Deus cordato, sábio, assistente e secretário-arquivista dos Deuses. É o patrono dos escribas e trouxe os hieróglifos ao Egito, atribui-se a ele a revelação ao homem de quase todas as disciplinas intelectuais como a escrita, a aritmética, as ciências em geral e a magia. É o Deus-escriba e o Deus letrado por excelência. É o senhor da sabedoria e da magia. Thoth preside a medida do tempo. O disco na cabeça é a lua, cujas fases ritmam os dias e as noites. Representado como um íbis ou um homem com cabeça de íbis, ou ainda um babuíno.

BASTET - Ligada à fertilidade, é a deusa da sexualidade e do parto. É mais uma das filhas de Rá. De

acordo com a tradição ela era a personificação da alma de Ísis e protetora da sua magia. Bastet é a Deusa da guerra e tem uma profunda relação com a Deusa Mut e com Sekhmet.Após o ano 1000 a.C., sua imagem ganhou a forma de gato, animal que para os egípcios traz boa sorte. É representada como uma mulher com cabeça de gato ou cabeça de leoa. Os gatos no antigo Egito tinham um significado muito importante, sendo idolatrados como deuses, e a Deusa Bastet é uma mostra desse fascínio que os gatos exerciam nos povos do Antigo Egito.

SEKHMETH - A poderosa Deusa com cabeça de leoa é filha de Ra, mas reflete o aspecto destrutivo do Sol. Foi enviada por Rá para punir os humanos que passaram a adorar um Deus em forma de serpente. Sekhmet (o poder), é mau caráter e tem cóleras pavorosas que podem propagar no país ventos ardentes, epidemias e a morte. Apaziguada por festas e oferendas, torna-se possível obter sua ajuda contra Apófis (que se opõe ao andamento do sol) os inimigos do rei em tempos de guerra ou os agentes responsáveis pela doença no corpo dos homens.Seus sacerdotes são experts em magia e medicina. Em Mênfis, Sekhmet é a esposa de Ptah e mãe de Nefertum. É quase sempre representada como uma mulher com cabeça de leoa, coroada com o disco solar.

MAÁT - Esta Deusa, que traz na cabeça uma pluma de avestruz, representa o equilíbrio, a harmonia do Universo tal como foi criado inicialmente. Em sociedade, este respeito pelo equilíbrio implica na prática da equidade, verdade, justiça, no respeito às leis e aos indivíduos e na consciência do fato que o tratamento que se inflige aos outros pode nos ser infligido. É Maát, muito simbolicamente, que se oferece aos Deuses nos templos. Ela cuida dos tribunais e também possui templos.

PTAH - Deus de Mênfis que foi a capital do Egito no Antigo Império, Ptah é "aquele que afeiçoou os deuses e faz os homens" e "que criou as artes". Concebeu o mundo em pensamento e o criou por sua palavra. Seu grande sacerdote chama-se "o superior dos artesãos". É realmente, muito venerado pelos trabalhadores manuais, particularmente pelos ourives. É Representado em uma vestimenta colante que lhe dá a impressão de estar sem pescoço e usando na cabeça uma calota. Tem como esposa a deusa Sekhmet e por filho o Deus do nenúfar, Nefertum.

NEITH - É a mais antiga deusa citada pelos textos, talvez a protetora do Baixo Egito bem antes da unificação do país. Venerada principalmente em Sais, no Delta, ela é representada como uma mulher que usa a coroa vermelha do Baixo Egito. Seu nome se escreve com duas flechas ou dois arcos, o que a designa bem como uma deusa guerreira. Também é protetora e parece ser uma divindade que basta a si própria, um dos raros princípios criadores femininos entre os deuses egípcios.

ATUM - Em Heliópolis, ele é o pai e o rei de todos os Deuses, o criador do Universo que, por sua vontade, extraiu-se do caos inicial. Atum é mais frequentemente representado como um rei vestido de uma tanga e mais raramente com o aspecto de uma serpente, usando as duas coroas do Alto e Baixo Egito.

AMENÓFIS - Venerado pelos operários na qualidade de fundador da instituição do Túmulo. O rei Amenófis I divinizado é, por sua vez, um Deus e uma espécie de santo patrono. Filho da rainha Ahemés-Nefertari e do rei Amófis, ignora-se onde estaria seu túmulo. A ele se dedicam estelas, além de uma festa suficientemente importante para dar nome ao mês durante o qual acontece. A estátua de Amenófis, conduzida em procissão por toda necrópole, produz oráculos.

MERETSEGER - Ela é a dama da necrópole tebana, a deusa do cimo mais elevado que domina o maciço montanhoso. Sua notoriedade ultrapassa muito pouco o plano local, mas nestes limites é muito venerada, particularmente pelos operários do Túmulo. Meretseger possui capelas em sua cidade, até mesmo nas casas, assim como um pequeno templo cavado na rocha perto do Vale das Rainhas onde está associada à Ptah. Protege os mortos e pode punir os maldosos. Representada mais frequentemente como uma serpente, às vezes com cabeça humana, ela pode também ser uma mulher com cabeça de serpente.

IMOTEPH - Sabe-se com certeza que essa divindade foi na verdade um homem, um grande sábio que apareceu misteriosamente no reinado do Faraó Djozer. Graças a ele foram introduzidos notáveis avanços no campo da arquitetura e principalmente nas ciências medicas, a ponto de os próprios gregos mais tarde o reverenciá-lo sob o nome de Esculápio, o pai da medicina. Em egípcio arcaico significa "aquele que veio em paz". Encontrar a sua tumba (se é que ela existe) é o sonho dourado de todos os egiptólogos. As antigas tradições dizem que este Deus após cumprir sua missão na Terra, retornou à companhia dos deuses.

O MITO DA CRIAÇÃO



A Separação de deuses irmãos marca origem do mundo dos humanos. Os primeiros filhos de Rá foram Shu (deus do ar) e Tefnut (deusa da umidade). Como é comum nessa mitologia, os irmãos formaram um casal e tiveram como filhos Geb (deus da terra) e Nut (deusa dos céus). Ao nascer, os netos de Rá se juntaram num abraço, formando outro casal. Rá não gostou muito dessa história e ordenou a Shu que ele separasse os filhos. Este empurrou Nut para cima e pressionou Geb para baixo. Enquanto Nut se tornava o céu que cobre o mundo, Geb virou a terra em que vivemos. E Shu permaneceu entre os filhos, representando o ar que as pessoas respiram.
JULGAMENTO FINAL
O inferno para os egípcios era ser devorado por um Deus após a morte. Toda pessoa ao morrer era recebida pelo Deus Anúbis. Ele tinha a missão de pesar o coração dos mortos em uma balança, uma espécie de avaliação de como a pessoa havia se comportado em vida. Após ter o coração pesado, o morto era encaminhado para um julgamento final perante Osíris, que o questionava sobre diversas passagens da vida. Nessa conversa, Osíris podia até aliviar a barra de quem tivesse o coração "reprovado na balança". Os aprovados viveriam para sempre em um paraíso similar à Terra na companhia dos deuses. Os reprovados eram devorados por Amnut, deusa representada pelos três animais mais temidos no Egito, tinha cabeça de crocodilo e corpo com partes de leão e de hipopótamo.

por:   P.O.L


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